Monday, November 2, 2015

América Latina: promovendo acessibilidade móvel, um app por vez

Em novembro, a União Internacional de Telecomunicações (ITU) organiza o evento Accessible Americas, na Colômbia, e também realiza um desafio de apps de acessibilidade na América Latina e Caribe. Em entrevista ao blog do GARI, Bruno Ramos, diretor regional da ITU para a América Latina, falou mais sobre o evento, o desafio e a acessibilidade móvel na região.

Qual é a motivação da ITU para realizar a competição regional “Mobile Applications for Accessibility” na América Latina e Caribe?

Bruno: Vou começar contando um pouco sobre o evento. O Accessible Americas é dedicado a explorar como fornecer ferramentas às pessoas, para que as telecomunicações fiquem mais acessíveis a pessoas portadoras de deficiências físicas. O objetivo é colocar os principais interessados em acessibilidade com o núcleo de pessoas da ITU, que vêm das telecomunicações, e criar um ambiente onde seja possível discutir abertamente sobre como melhorar a acessibilidade em telecom. Essa foi a motivação para o primeiro evento Accessible Americas, em 2014. Nossa ideia foi realizar três eventos, onde nós decidiríamos sobre ações e atividades concretas a serem tomadas e mostraríamos os resultados no evento do ano seguinte, sem esquecer que as Paralimpíadas vão acontecer no Brasil em 2016. Por isso, nossa ideia inicial quando começamos a pensar sobre esses eventos em 2013/2014 também foi propor algumas ações concretas ao Comitê Paralímpico.

Falo isso porque a competição regional Mobile Applications for Accessibility na América Latina e Caribe é algo concreto e um resultado do evento Accessible Americas de 2014. Decidimos organizar essa competição e encorajar os desenvolvedores a criarem aplicações que possam melhorar a dia-a-dia das  pessoas portadoras de deficiências físicas.

Quais são suas expectativas em termos de resultados do desafio e impacto a longo prazo na região?

Bruno: Nosso primeiro objetivo é promover a ideia da acessibilidade nas telecomunicações e criar uma rede. Um dos desafios na nossa região é a falta de coordenação. Temos muitas atividades relacionadas à acessibilidade, temos várias instituições lidando com isso, mas normalmente há uma falta de conhecimento sobre o que os outros países estão fazendo na mesma área. Por isso, uma das primeiras ideias foi criar uma base de dados com os nomes dos principais interessados em acessibilidade na região. E tivemos êxito nessa tarefa. Temos uma base de dados relevante. Um dos resultados do segundo Accessible Americas poderia ser a criação de uma lista de distribuição, e o compartilhamento de notícias e informação.

Nosso segundo objetivo é aumentar a conscientização de desenvolvedores de apps e encorajá-los a criarem apps para pessoas com deficiências.

Quem você espera que participe do desafio e como vocês avaliam os apps inscritos?

Bruno: No começo, não tínhamos uma lista de desenvolvedores que tivessem foco em desenvolver apps voltados à acessibilidade. O caminho, portanto, foi usar a cooperação com a Samsung, que tem uma grande base de dados de desenvolvedores de apps na região, para distribuir a informação sobre a nossa competição entre eles. Por fim, recebemos quase 50 propostas da região toda. Recebemos várias boas contribuições, tanto de desenvolvedores experientes quanto de pessoas comuns que ainda não poderiam ser considerados desenvolvedores, mas que tiveram uma boa ideia e que não dispõem de condições financeiras para implementá-las. No futuro, poderemos dividir a competição em dois segmentos: um para apps já desenvolvidos e outro para projetos/ideias.

Como vocês avaliam os apps?

Bruno: Dividimos o processo de seleção entre o pessoal da ITU que tem experiência com acessibilidade, pois na ITU temos um departamento que trabalha com telecomunicações para pessoas com deficiência, e os especialistas da Samsung. Nesse comitê havia também uma pessoa com deficiência. Mas para a próxima edição nossa ideia para a competição é convidar algumas das organizações de pessoas com deficiência a participar e ajudar no processo de avaliação. Eles são os que melhor podem avaliar o que pode ser útil na vida real das pessoas com deficiência.

Quais são os planos futuros em termos de acessibilidade no ecossistema móvel na América Latina e Caribe?

Bruno: Queremos colocar o Accessible Americas na agenda da região. Por exemplo, na última reunião da Comissão Interamericana de Telecomunicações (CITEL), o Peru pediu para organizar um encontro sobre acessibilidade junto com a próxima reunião do PCC1 (PCC1 é um dos comitês da CITEL que lida com atividades reguladoras na área). Nossa ideia seria fazer isso no âmbito do Accessible Americas e realizar uma reunião conjunta ITU-CITEL, criando um fórum na região onde todos os interessados em acessibilidade nas telecomunicações possam estar juntos. É importante uni-los e também lembrar que as telecomunicações hoje não são o objetivo, mas a base para a criação da acessibilidade. Se conseguirmos boas propostas nesses encontros e feedback positivo dos países, então continuaremos a organizar o evento também nos próximos anos.

Que tipo de ações/medidas você acha que permitiria que as telecomunicações se tornassem acessíveis para todos?

Bruno: As telecomunicações estão mudando tudo e transformando-se constantemente. A cada dois ou três anos, enfrentamos novos desenvolvimentos. Não acredito que existam somente um elemento mais importante que possa fazer a acessibilidade avançar. Na verdade, precisamos incluir a acessibilidade na agenda da região como um tema importante, além de motivar apoiar os países a criar estruturas jurídicas ao nível nacional e regional. Temos que assegurar o envolvimento das organizações de pessoas com deficiência, pois apenas eles sabem o que necessitam, o que já existe e o que ainda precisa ser desenvolvido. Temos também que trabalhar junto aos provedores de infraestrutura  e temos que trabalhar com os fornecedores de infraestrutura, visando aumentar o entendimento de que, juntamente com o aumento da banda larga e da cobertura das redes em áreas rurais, a acessibilidade também é um item importante a ser incluído em sua pauta.



Dos seis finalistas no desafio Mobile Applications for Accessibility, um participante ou grupo participante será selecionado para participar e apresentar seu app no evento Accessible Americas, na Colômbia, entre os dias 4 e 6 de novembro de 2015.


O desafio “Mobile Applications for Accessibility” da ITU-Samsung na América Latina e Caribe: http://www.itu.int/en/ITU-D/Regional-Presence/Americas/Pages/NEWS/ITU-2015-MobAppforAccesibility.aspx


Accessible Americas II: Informação e Comunicação para todos: http://www.itu.int/en/ITU-D/Regional-Presence/Americas/Pages/EVENTS/2015/1104-CO-2ndAcce.aspx

8 comments:

  1. This comment has been removed by a blog administrator.

    ReplyDelete
  2. This comment has been removed by a blog administrator.

    ReplyDelete
  3. This comment has been removed by a blog administrator.

    ReplyDelete
  4. This comment has been removed by a blog administrator.

    ReplyDelete
  5. This comment has been removed by a blog administrator.

    ReplyDelete
  6. This comment has been removed by a blog administrator.

    ReplyDelete
  7. This comment has been removed by a blog administrator.

    ReplyDelete
  8. This comment has been removed by a blog administrator.

    ReplyDelete